Depois que aprendi a gostar de São Paulo, fico querendo voltar sempre que posso. Os motivos vão desde a) a cidade sempre tem algo pra conhecer que eu ainda não vi, b) eu amo a Liberdade, c) a passagem de Brasília pra SP está sempre com bom preço. E agora d) um universo de cafeterias me aguardam.
Nesses dois dias completos em SP, decidimos ir no maior número de cafeterias especiais que conseguíssemos, otimizando nossa passagem. Foi um coffee crawl – sabem pub crawl? Só que de cafeína.
Então, tem muita foto, tem muita opinião e tem muita nota de cafeína. Vamos passear juntos nesse post cafeinado.
1- Fabrique Pão e Café

Entrada do Fabrique, pão e café.
Começamos o dia numa padoca, na verdade, mas que tem sua própria torrefação de grãos e baristas de verdade. O foco realmente são os pães, que saem de todos os tamanhos e sabores. Recomendo o omelete já que pelo preço, vem muito bem servido. Para beber, vale experimentar um método com grãos torrados pela casa, para conhecer, mas também há a opção do Um Coffee Co, uma torrefação paulistana bastante conhecida. Os grãos do espresso são da casa, e os dois baristas eram muito bons (e simpáticos), proporcionando uma experiência saborosa e agradável. Danilo, inclusive, demonstrou uma habilidade invejável de conseguir conversar e conectar ideias ao mesmo tempo que faz um latte art no cappuccino. Tá de parabéns.

Croissants de amêndoas: deliciosos.
Sábado pela manhã estava apinhado de gente às 9h, mas conseguimos mesa no balcão. Se você estiver em grupos maiores, precisará esperar que vague uma mesa.
2- Takkø

Entrada do Takkø em São Paulo.
Caminhando 15 minutinhos, você chega ao Takkø, uma cafeteria muito bem indicada em SP. O espaço é pequeno com uma vibe escandinava na decoração (que eu amo). O provador oficial de espressos, Leandro, acredita que a moagem estava errada pois o espresso não saiu muito bom. Nossa prensa francesa, no entanto, saiu deliciosa com um catuaí amarelo com notas de maracujá. O método acentuou a acidez dele, mas sem ficar demais. Altamente recomendado. Pra acompanhar, peça o bolo gelado de coco que eu posso afirmar ser um dos melhores que já comi até hoje, competindo pau a pau com o da Carole Crema.
Pet friendly entre aspas, tem três banquinhos do lado de fora mas não sei se eles servem a você lá fora.
3- ZUD

Ambiente espaçoso e muito lindo.
Aberto há um mês, foi recomendado pelo barista do Takkø, e chegamos em menos de 15 minutos de caminhada. O espaço é mais amplo e a mistura de cinza com verde tornou a decoração de alguma forma aconchegante. Talvez seja também pelo atendimento sorridente e amigável dos donos e baristas. Ficamos apenas com o espresso e o V60 de um Tequila premiado como melhor café de 2017. De longe, o melhor coado do coffee crawl. Não comemos nada, mas o dono do ZUD informou que o que mais sai é a cuca – com uma receita tradicional gaúcha, como ele é.

Pet friendly: olha ali o potinho de água pro seu cãozinho.
4- King of the Fork (KOF)
Depois de almoçar no Arturito, recomeçamos o coffee crawl em Pinheiros, bairro que conta com outro catatau de cafeterias descoladas e restaurantes interessantes. Chegamos ao KOF surpresos com um movimento insano dentro do lugar. Tem bastante mesa, mas é um espaço apertado, e até o balcão dos baristas me parecia pequeno. Se não achar mesas na frente, na primeira sala ou na segunda (com teto aberto), siga até o fim onde parece que acaba mas na verdade tem uma “loja” de coisas de bicicleta com duas minúsculas mesinhas extras. Aliás, o KOF segue a vibe bike+café, duas coisas que costumam combinar de alguma forma. Ao lado, tem uma loja e oficina de bikes, e o KOF é repleto de produtos e itens de bicicletas como roupas para pedalar, assentos de bike, rodas, garrafinhas d’água, etc. Pedi um cappuccino que pecou para um flat white, com uma valorização do leite um pouco errada. Talvez fosse a correria. Mesmo assim, saboroso, e o espresso foi o melhor deste primeiro dia de cafeína. Equilibrado, denso e bem extraído. O coado é um V60 Olivia torrado pela Wolff, com notas de azeite de oliva – estava tão intenso que por um momento achei que tinham jogado azeite na xícara.

Estacione sua bike.

Um dos ambientes externos do KOF em São Paulo.
- King of the Fork (KOF)
Site | Facebook | Instagram - Endereço
Arthur de Azevedo, 1317 – Pinheiros - Notas de cafeína
– espresso 8/10
– v60 8.5/10
– cappuccino (mais pra flat white) 8/10 - Há um espaço externo mas não achei tão adequado para você ir com seu cãozinho. O espaço é pequeno demais e não vi tigela de água para os bichinhos.
5- Sofá Café
Ainda na mesma região que o KOF, o Sofá Café tem bastante sofá pra sentar. E mesas externas num ambiente bem gostoso de ficar, coberto, longe da chuva. Eles têm torrefação própria, mas a variedade de opções de grãos para os métodos e pro espresso é… uma só. Pra um lugar que tem torra própria, achei palha só ter um grão pra tudo. O café estava bem extraído, mas nada de fantástico ou diferenciado, um perfil raso para o que poderia ter no grão.

Muito sofá mesmo.

Tem bastante sofá.

V60 coado na mesa e bolo gelado de chocolate.
É possível destacar esse bolo gelado de chocolate e brigadeiro que estava bom, apesar de muito doce. Bem, eu sou meio formiguinha, então não tenho problema nenhum com isso, mas sugeriria que o brigadeiro virasse uma ganache meio amarga pra não ficar tão over.
6- 89°C Coffee Station
O bairro da Liberdade só devia isso pra ser um completo exemplar de tudo que o Japão tem de bom. Aberto no fim do ano passado, o local tem coados no V60 da Hario (empresa japonesa), espressos e outras bebidas com café. Pra acompanhar, você pode se deliciar em qualquer uma das 30 opções de salgados e doces disponíveis – um mais lindo que o outro, e todos com aparência bem apetitosa. Escolhemos um pão com recheio de carne e legumes, bem crocante. O esquema de atendimento do local é genial, como tudo que um japonês se dignifica a fazer: na entrada uma máquina cospe uma ficha com a qual você faz seus pedidos em todo o local. Para sair, depois de pagar, você insere a ficha em outra máquina. O local tem dois andares, e até sushi pra você comprar se for a hora do almoço.

Comidinhas disponíveis no 89˚C Coffee Station.

V60 e um pão de legumes e carne, além de um onigiri afinal é a Liberdade.
Não sou fã dos grãos do Mitsuo, que são usados no 89°C, mas é um bom café. Ah, 89°C é a suposta temperatura ideal para servir um espresso, por isso o nome da cafeteria.
7- Coffee Lab da Raposeiras
Você não pode ser fã de cafés especiais, ir a São Paulo e não passar no Coffee Lab. Isabella Raposeiras foi a disseminadora da cultura de cafés especiais no Brasilzão e ela mantém até hoje o hype dessa reputação servindo excelentes espressos, os melhores do nosso coffee crawl – intenso e prolongado. Os baristas do Coffee Lab realmente estão bem treinados. O blend Raposeiras de coado também estava muito bom, com um pungente na língua que pinicava, de um jeito gostoso, quase como pimenta branca. Pedi um bolo gelado de café, que vem numa “panelinha”, que achei incrível, doce na medida certa. O brigadeiro de café estava cristalizado, mas com gosto de café mesmo. O cappuccino só não bateu o melhor que já tomei, na Holanda, mas está no glorioso segundo lugar, graças ao espresso de base.

Um charme de ambiente.

A torrefação fica aberta ao público.

Bolo de café gelado: excelente pedida.
O local é uma graça e diferenciado. Você pode andar por todo o espaço sem ser barrado, nem mesmo no espaço da torrefação, com duas Dietrichs brancas lindas. A cozinha é aberta e fica entre dois salões de mesas. No andar de cima, acontecem os cursos da Raposeiras.
Vale a visita, vale cada passo lá dentro.
- Coffee Lab
Site | Facebook | Instagram - Endereço
Rua Fradique Coutinho 1314 – Vila Madalena - Notas de cafeína
– bolo de café gelado (eu achei fantástico, o Léo achou que é hype)
– duplo ristretto 9/10
– cappuccino 9/10
– catuai vermelho coado 8/10
– blend raposeiras 8/10 - Tem espaço externo mas é “interno” pois passa por um portão pra entrar, então não sei dizer se é pet friendly.
8- Isso é Café

Entrada ao lado do Beco do Batman, não tem erro.
A cafeteria ficava no Mirante 9 de Julho, onde tinha uma bela vista. Agora, estão bem ao lado do Beco do Batman, onde você pode visitar os famosos painéis e muros pintados por artistas paulistanos. Depois seguir o cheirinho de café. Lá é a primeira cafeteria que vimos no Brasil que utiliza um modbar – um tipo de máquina profissional de espresso que é apenas um bico saindo pra fora da bancada, como na foto. Todo o aparato fica escondido. O espresso era excelente, só perdendo para a Raposeiras, mas o kalita do catuaí vermelho estava melhor que o coado da rainha dos cafés. Bem equilibrado, acidez controlada e uma finalização doce que permite você repetir sem dó. Não comemos nada, mas passei cada minuto ali desejando os cookies que saíam do forno, porque o cheiro era coisa de outro mundo.

Tudo cheira tão bem nesse lugar, que duvido você não pedir uma comidinha.
Eles estão para se mudar novamente, para um local onde poderão ampliar a atuação com sua torrefação própria e também oferecendo cursos e workshops de café, tendo mais contato com os clientes – exatamente o que o dono nos disse.
Point extra – Maruso (Liberdade, de frente pro 89˚C)
Se estiver em busca de produtinhos de cafés especiais, como sua V60, chaleiras com bico de ganso, moedores ou filtros Hario, depois de visitar o 89˚C Coffee Station, atravesse a rua e vá até a Maruso. Além de loja de conveniência e de doces japas (que vão fazer você gastar um bom tempo lá decidindo o que vai levar), a Maruso também tem itens de cozinha, no segundo andar, e lá você encontra esta linda prateleira só com coisas de cafés especiais.
Preços módicos, mais baratos que pela internet brasileira. Ainda vale mais a pena comprar lá fora, claro, mas se estiver precisando de algo e estiver dando sopa na Liberdade, vale a pena. Eu comprei meu porta filtro Hario, não pelo preço, mas porque não encontro ele pra vender nem na internet no Brasil. E o preço não estava lá tão absurdo também. Recomendo o passeio na loja.
Esse foi nosso coffee crawl de maio/2018 em São Paulo, e sinceramente não vimos nem metade das cafeterias que existem na cidade. Mantivemos o foco nas mais famosas ou nas indicadas por bons baristas, então da pra tirar dessas 8 uma que agrade ao seu paladar, com certeza.
Ótimas dicas!!! O único que eu conheço é o Coffee Lab.
O que mais amo é SP é quando mais a gente viaja ou até mesmo mora por lá, sempre tem uma cafeteria nova pra conhecer, uma padaria… Uma comida nova pra provar, amo demais ♥